top of page

A QUÍMICA

DO CRACK

crack%202_edited.jpg

O crack é feito a partir da mistura de cloridrato de cocaína (ou pasta de coca) com bicarbonato de sódio e água. Essa mistura é aquecida a mais de 100ºC  para passar por um processo de decantação no qual se separam as porções líquidas e sólidas da mistura.

A parte sólida, depois de resfriada, é o crack.

Em sua fórmula há também elementos corrosivos como solução de bateria, solvente, pó de vidro e medicamentos.

formula bicarbonato.png

Fórmula química do bicarbonato de sódio:

NaHCO3

formula cocaina.jpg

Fórmula química do cloridrato de cocaína:

C17H21NO4

O crack, quando aquecido, produz estalos, ou "cracks", em inglês, por isso o nome crack.

O CRACK E A COCAÍNA
crcak%203_edited.jpg
cocaina.jpg

O crack é um produto derivado da produção de cocaína. Isso quer dizer que, por mais que sejam tidas como coisas diferentes, a cocaína e o crack são praticamente iguais: têm o mesmo princípio ativo, o que muda é a forma de uso e a pureza do material, já que o crack comercializado possui muitas outras substâncias misturadas à sua fórmula.

crack (1).jpg

Como se pode observar na imagem, as estruturas químicas da cocaína e do crack são quase idênticas.

 

A principal diferença é a remoção de cloridrato (Cl -) que ocorre quando se ferve a pasta de coca, o bicarbonato e a água.

Na imagem também é possível observar a presença de NaHCO₃ e C17H21NO4 na fórmula do crack.

FORMA DE USO E    AÇÃO NO ORGANISMO
formas%2520de%2520uso%2520crack_edited_e

O crack geralmente é administrado pelas vias aéreas. É fumado normalmente com cachimbos improvisados, feitos de latas de alumínio e tubos de PVC (policloreto de vinila), que permitem a aspiração de grande quantidade de fumaça.

 

A pedra geralmente tem menos de 1 grama. Também pode ser quebrada em pequenos pedaços e misturada a cigarros de tabaco ou maconha – o chamado mesclado, pitico ou basuco.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao aquecer a pedra, ela se funde e vira gás, que depois de inalado é absorvido pelos alvéolos pulmonares e chega rapidamente à corrente sanguínea

EUFORIA

AGITAÇÃO

IRRITABILIDADE

PRAZER

ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO E DO PENSAMENTO

OS EFEITOS NEUROQUÍMICOS DO CRACK
c%C3%83%C2%A9rebro_bonito_edited.jpg

De maneira bem geral, nosso cérebro funciona por meio de sinapses, que são uma espécie de “choque”, elétrico ou químico, que estabelecem a comunicação entre neurônios, regulando as diferentes sensações e ações do nosso corpo. 

A sinapse química é a mais comum. Ela ocorre por meio da liberação de neurotransmissores. Os neurotransmissores são pequenas moléculas orgânicas que, por afinidade química, ativam certos neurônios, para que estes realizem a sinapse. Há uma maior seletividade neste processo. Após os neurotransmissores serem utilizados, são reciclados para serem utilizados novamente. 

Os neurotransmissores são muito presentes na ação do nosso sistema de recompensa, ou seja, ações que nos geram prazer. Estes prazeres naturais, como comer, tocar um instrumento, fazer exercícios físicos, ter uma relação sexual, dar um abraço, estão associados  à liberação de alguns neurotransmissores, que geram sensações diferentes, de recompensas também naturais. Dois desses são a Dopamina, que é responsável pelas sensações de euforia, prazer e atividade motora, e a Serotonina, que é responsável pela sensação de conforto. 

As drogas têm efeitos diferentes sobre estas ações no nosso cérebro, e muitas delas atuam sobre nosso sistema de recompensa.

 

 

 

O princípio ativo cocaína (e também do crack) funciona impedindo a reciclagem da dopamina, que acaba ficando no nosso sistema por muito tempo, gerando a sensação de êxtase prolongada.

 

Como a droga bloqueia a recaptação da dopamina, a cocaína altera nosso sistema de recompensa, fornecendo um prazer muito intensificado, que não ocorre em condições normais no nosso metabolismo.

Após certo tempo a dopamina se degrada, não retornando ao sistema e, por isso, é possível experienciar uma grande depressão após seu uso.

 

 

Essa alteração do sistema de recompensa também desregula a taxa de produção de dopamina, fazendo com que a pessoa precise da droga para regulá-la.

USO, ABUSO

E DEPENDÊNCIA

Quando se inicia o uso da droga, se trata de algo novo para o organismo, então a tendência é que os níveis de dopamina aumentem. 

 

Com o passar do tempo, e com o uso mais frequente, a pessoa vai chegando a um estágio de tolerância.   A partir daí, os neurônios se adaptam e então é preciso aumentar a dose da droga para conseguir os mesmos efeitos e sensações de antes.

 

“Chamamos isso de processos neuroadaptativos: muitos receptores ficam disponíveis para a dopamina no período de abstinência, pois o organismo passa a sentir falta da liberação excessiva desse neurotransmissor"

       farmacêutico Raphael Caio Tamborelli Garcia 

A dependência se constitui em pouco tempo no organismo. 

Em pouco tempo de uso, o indivíduo passa a sentir a fissura, que é a vontade incontrolável de sentir da droga. No caso do crack, essa compulsão é avassaladora, e como é uma droga bem barata, o usuário pode acabar fumando de 20 a trinta pedras por dia. 

Com o tempo, o usuário começa a precisar da droga para poder realizar suas funções normalmente, porque passa a produzir menos dopamina. A redução na taxa de produção da dopamina resulta em ansiedade, humor alterado, anedonia (incapacidade de sentir prazer), diminuição da energia e até problemas cognitivos.

 

Consequências físicas e neuropsicológicas

A cocaína é uma substância vasoconstritora, ou seja, provoca uma grande contração das artérias, principalmente as cerebrais. Isso altera o fluxo sanguíneo cerebral e também agride a parede dos vasos, as deixando mais vulneráveis à pressão feita pelo fluxo.

Assim, as chances de derrames são mais altas e, muitas vezes, ocorrem vários pequenos derrames imperceptíveis, que são muito perigosos. Isso porque, ao longo do tempo podem ter um efeito avassalador, porque vão gerando uma perda gradativa da atividade cerebral, podendo eventualmente ocasionar uma atrofia no cérebro

À longo prazo, o uso da droga também pode acarretar problemas cardíacos, pulmonares, isquemias, convulsões, diversos distúrbios neurológicos, dificuldades motoras e uma série de desvios psiquiátricos, como alucinações, delírios e transtornos psicóticos.

 

 

 

De uma maneira geral, o uso da cocaína está associado a alterações neurológicas principalmente da atenção, memória e funções executivasMuitas pesquisas também apontam para prejuízos nas tarefas de nomeação, na capacidade de abstração, fluência verbal, destreza manual, integração viso-motora e novas aprendizagens.

Vale apontar que esses estudos focam nas consequências decorrentes do uso da cocaína especificamente, e que mencionam tais consequências em casos de dependência grave, sendo que elas aparecem quando o usuário entra em abstinência.

Como o crack tem seu princípio ativo mais potente e causa uma fissura intensa, levando o usuário em situação de vício a  usar muitas pedras por dia e a chegar no estado de dependência mais rápido, é provável que os danos cognitivos ocorram de uma forma mais rápida nos usuários de crack. 

Também é importante notar que tais estudos não avaliaram usuários crianças e adolescentes, que são muito comuns atualmente. Como seu cérebro está em formação, o uso da cocaína pode causar danos neurológicos mais mais graves e até irreversíveis nessa faixa etária.

Por mais graves que as consequências sejam, é possível que a neuroquímica, a vascularização e o quadro psiquiátrico sejam recuperados e que o indivíduo recupere suas capacidades neuropsicológicas após um período bem longo de abstinência e tratamento. 

Para saber mais sobre o tratamento, clique aqui:

 

coca%C3%ADna%20no%20c%C3%A9rebro_edited.

“O crack é uma das formas mais devastadoras de uso de cocaína, porque após o efeito desejado, que é a euforia, o usuário sente a necessidade de usar a droga de novo”

Um estudo realizado em São Paulo, incluindo ex-usuários e usuários de crack, evidenciou a ocorrência de problemas psicológicos e neurológicos graves, como déficit cognitivo e de memória.

Devido à sua ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental.

Para além da boas sensações de euforia e  prazer, a droga também pode causar insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite. 

 Se inalado junto com o álcool, o crack aumenta muito o ritmo cardíaco e a pressão arterial, o que pode levar a resultados letais.

bottom of page